Fichas do Professor Português-Parte 2
Lê o texto. O Ouriço estranhou ver ali a Toupeira, ao seu lado, tão relaxada. – Hoje não tens que fazer? – perguntou. – Tinha muito que fazer, isso sei, mas não me lembro de quê. A Toupeira levantou-se e deu duas voltas sem sair do sítio, como se estivesse à procura da toupeira que ela era antes de lhe ter caído uma pinha na cabeça. – Parece que me transformei noutra Toupeira – disse ela por fim, muito tristemente. – Isso passa – disse o Ouriço. – Amanhã transformas-te outra vez em quem tu és, e és a mesma toupeira da cabeça até aos pés. A Toupeira deu mais duas voltas sem sair do sítio. Já que não via por ali a toupeira que ela era antes de apanhar com uma pinha na cabeça, tratou de se orientar. – E que faço então? – perguntou. – Nada – respondeu o Ouriço. – Só podes esperar. Um dia, mesmo extraordinário, passa depressa. Essa é que é essa. E a me-lhor maneira de o passar é a ouriçar de barriga para o ar. Por sua vez, a Toupeira, pelo sim, pelo não, afastou-se. Já lhe chegava a falta de memória. O Ouriço continuou a cantar e a coçar a barriga, que come-çou a fazer barulhos esquisitos. E então ele lembrou-se que ainda não tinha comido nada. E também se lembrou que havia uma coisa ainda melhor do que ouriçar de barriga para o ar e que era ouriçar de barriga para o ar com a barriga cheia. Álvaro Magalhães, A criatura medonha – Novos contos da mata dos medos, 1.a edição, Texto Editores, 2007 (excerto adaptado, com supressões) Compreensão da leitura 1. Quem estava ao lado do Ouriço?
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