Pais separados:Alternativas no Natal

O amor de Pai não se avalia pelo preço ou tamanho da prenda.

A estrutura das famílias alterou-se substancialmente nos últimos anos. Hoje, quando falamos de “famílias normais”, já não sabemos muito bem o que isso quer dizer, uma vez que se nos socorrermos do critério estatístico, talvez sejam as famílias monoparentais que estão em maior número. Assim sendo, em época de Natal, é preciso organizar o tempo para que as crianças consigam dividir-se entre os dois lares.
O mais vulgar é que passem a véspera com um dos progenitores e almocem com o outro. Nalguns casos, quando as relações são pacíficas, até são permitidas visitas durante a noite, por forma a que os filhos não se sintam privados da presença de ninguém. Abre-se um período de tréguas que os mais pequenos agradecem pois assim é-lhes possível receberem as prendas a tempo e horas.
Podemos então afirmar que, neste aspecto, aparentemente, os filhos de pais divorciados saem a ganhar uma vez que a quantidade de prendas é superior ao dos outros tipos de estruturas familiares. Digo aparentemente, porque temos de perceber muito bem o que leva aos exageros.
O sentimento de culpa é algo comum a todos os divorciados. Culpa por não terem conseguido levar o projecto a bom porto, culpa por se verem afastados dos filhos e não assistirem de perto ao seu crescimento. Este sentimento vê-se, em parte, exorcizado com recurso à aquisição de bens materiais para os filhos, portanto as compras vão-se avolumando…
Há uma tendência, ainda que inconsciente, para deste modo comprar o afecto da criança. Os Pais vêm-se então obrigados a dar largas à sua criatividade, de forma a encontrarem prendas originais e bonitas que agradem aos filhos. Os filhos por sua vez, aproveitam-se disso e exigem o impossível.
Cria-se também, muitas vezes, uma rivalidade entre pai e mãe, em que cada um tenta ir mais além na quantidade de bonecos, DVD’s, jogos … Como resultado, podemos encontrar crianças que possuem quartos repletos de brinquedos que ali vão ficando ano após ano, sem serem usados.
Vão coleccionando coisas que, simbolicamente representam afecto e o problema é exactamente esse. Deste modo os pais estão a transmitir a ideia de que quanto mais derem, mais gostam delas e o amor, por definição, não pode ser mensurável. O amor não se avalia pelo preço ou tamanho da prenda… ao invés disso, sente-se em cada olhar, em cada abraço, em cada segredo partilhado no momento certo.
É urgente que as estas crianças sejam ensinadas a separar o material do afectivo, para que consigam percorrer, de um modo saudável, o percurso que as separa da idade adulta. Todos sabemos que a vida profissional nos ocupa muito tempo, que o divórcio pode dificultar as relações, mas existem sempre alternativas. As novas tecnologias podem ser um excelente aliado, já que quando não é possível estar presente, há a possibilidade de fazer um telefonema ao fim da tarde, enviar um sms ou um e-mail…
A ausência de atitudes de carinho, fazem também que um dos progenitores (em regra o pai) seja visto unicamente como fonte de rendimento, já que se encontra fisicamente mais ausente.
Claro está que tudo isto requer um esforço permanente e contínuo ao longo do ano, mas futuramente dará os seus frutos. Fortalecem-se os laços entre pais e filhos e, apesar do divórcio, há a garantia que estas crianças souberam sempre que o amor de um Pai é algo muito para além do que o dinheiro pode comprar!
nota :  sempre que coloco Pai, estou-me a referir, indiferentemente ao pai ou à mãe …
Texto da autoria da Drª Teresa Paula Marques
Psicóloga Clínica, Psicoterapeuta
 Consultórios:
Clínica de Psicoterapias Breves
Telef.: 21 353 80 50 (Lisboa)
Para mais informações aceda ao site: www.teresapaulamarques.com

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